Protesto: Cerca de 100 mil funcionários públicos contra a austeridade

Professores ‘dominam’ manifestação

Os professores foram o grupo mais numeroso na manifestação da Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública, que juntou ontem, em Lisboa, cerca de 100 mil pessoas (segundo os sindicatos), entre as quais se fizeram notar os reformados, médicos, enfermeiros e polícias, contra as medidas de austeridade do Governo.

Por:Sónia Trigueirão

O PS e o PSD foram os alvos da crítica, nas figuras de Sócrates, Cavaco e Passos Coelho. E foi ao som de frases como "a redução salarial enche a pança ao capital", "injustiças sociais, arre porra, que já é demais" e "não ao roubo dos salários", que a multidão desfilou na avenida da Liberdade até à praça dos Restauradores.

Foi num palco montado nos Restauradores que os dirigentes sindicais deram o mote à manifestação, que, para o líder do PCP, Jerónimo de Sousa, e o candidato presidencial do PCP, Francisco Lopes - que estavam a meio da avenida -, foi um ensaio para a greve geral marcada para o dia 24 de Novembro.

Um apelo que Carvalho da Silva, o secretário-geral da CGTP, subscreveu, afirmando que foi um protesto importante para dar perspectivas de futuro aos jovens e também para castigar "uma certa burguesia".

Segundo a coordenadora da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, Ana Avoila, a mensagem foi só uma: "Os trabalhadores da administração pública não aceitam, não se conformam e vão resistir às medidas que o Governo quer aplicar".

Ao final do dia, o secretário de Estado da Administração Pública, Gonçalo Castilho dos Santos, reagiu, afirmando não haver "condições para mudar de rumo" quanto às "difíceis" medidas previstas no Orçamento do Estado. O governante sublinhou que a estratégia anunciada pelo Executivo é "necessária" para Portugal enfrentar as consequências da crise mundial, que afectou o País de "forma expressiva".

"SEGURANÇA PÚBLICA EM CAUSA"

Paulo Rodrigues, presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia, disse ontem que foi a primeira vez que a comissão coordenadora permanente dos sindicatos das várias forças e serviços de segurança esteve presente numa manifestação deste âmbito. "Estamos, porque estas medidas põem em causa não só a nossa questão sócio-profissional, mas também a segurança pública".

"CORTAR ABONO É UMA MEDIDA ANTIFAMÍLIA"

Conceição Nogueira, residente em Lisboa com a filha de 22 anos, Inês Ricou, estudante de enfermagem, irá perder o abono de família, de 17 euros, referente ao 4º escalão. Professora de Educação Especial, recebe no 10º escalão um vencimento bruto de 2746 euros. "É uma medida antifamília e sem grandes ganhos para o Estado", disse.

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